Uma palavra aos pais, professores, pedagogos e
bibliotecários sobre a difícil tarefa de incentivo a leitura.
Não
sou acadêmica no assunto, mais minha curiosidade, experiência e algumas
das minhas muitas leituras me fizeram entrever alguns aspectos negativos que
podem levar, com certeza, ao fracasso desta difícil tarefa que é a formação de
leitores. E é este conhecimento que gostaria de compartilhar aqui com vocês.
Primeiramente
me lembro de certa vez ter lido, que erramos ao disser que é necessário
incentivarmos o "habito de leitura" em nossos alunos. Por que o erro?
Pensemos nos nossos hábitos, muitas das vezes eles podem ser mudados, deixamos
antigos hábitos e adotamos novos a todo momento. Assim a leitura tal como um
hábito também poderá ser deixada de lado e trocada por qualquer outro hábito a
qualquer hora.
Devemos
sim, incentivar o amor pelos livros e pela leitura. Porque aquilo que amamos
não abandonamos facilmente. É desta maneira que poderemos formar verdadeiros
leitores, aqueles que iram fazer da leitura mais do que um simples hábito, mais
uma verdadeira paixão, uma fonte de
constante inspiração, crescimento pessoal, conhecimentos multidisciplinares,
enfim uma eterna companheira.
Com
certeza algum de vocês já leram em algum lugar sobre a citação que faço a
seguir:
"10 Direitos
Imprescritíveis do Leitor"
1-O direito de não ler.
2-O direito de saltar páginas.
3-O direito de não acabar um livro.
4-O direito de reler.
5-O direito de ler não importa o quê.
6- O direito ao “bovarysmo” (doença textualmente transmissível).*
7-O direito de ler não importa onde.
8-O direito de saltar de livro em livro.
9-O direito de ler em voz alta.
10-O direito de não falar do que se leu.
2-O direito de saltar páginas.
3-O direito de não acabar um livro.
4-O direito de reler.
5-O direito de ler não importa o quê.
6- O direito ao “bovarysmo” (doença textualmente transmissível).*
7-O direito de ler não importa onde.
8-O direito de saltar de livro em livro.
9-O direito de ler em voz alta.
10-O direito de não falar do que se leu.
Esta citação é retirado do livro "Como um Romance" do autor Francês
Daniel Penac, livro este que considero de leitura imprescindível aos pais,
professores, pedagogos, bibliotecários enfim a todos aqueles que estão
engajados nesta difícil tarefa de formação de leitores.
Logo no início de seu livro Daniel Penac faz uma
colocação que considero chave nesta questão dos verdadeiros entraves na
formação de leitores: "O
verbo ler não aceita imperativo".
Transformar a leitura em obrigação é o mesmo que
criar mais um entre tantos outros obstáculos, a um possível candidato a futuro e
apaixonado leitor. E esta é a realidade com a qual os nossos educandos convivem,
praticamente do início ao fim de todo seu período de formação escolar. Afinal
qual de nós nunca teve que ler um livro, cuja leitura foi uma exigência de
algum professor, para responder aquele famoso questionário
comumente chamado ficha de leitura.
E ai me perguntam os professores? Como então avaliar
o leitor e seu desenvolvimento no aprendizado da leitura? Mais
então respondo: Será que um simples questionário seria assim um instrumento tão
eficaz nesta avaliação? Hoje em dia todos temos conhecimento de que a
internet é uma fonte inesgotável de tudo que se queira encontrar. Se buscarmos por
exemplo na internet os dados de qualquer livro é possível quase sempre
encontrarmos diversas referências, resumos, releases, enfim, diversas
informações acerca daquela obra que poderão nos dar pistas suficientes sobre o
enredo, sem necessariamente ler a obra em questão. Esta é
claro, seria apenas uma das formas de burlar está tão celebre avaliação.
Aos professores de plantão, eis uma dica preciosa,
seja primeiramente você um leitor. O professor que não gosta de ler não
queira ele despertar no aluno o amor pela leitura e pelos livros. Afinal ninguém
pode convencer o outro de apostar em algo que ele próprio não experimentou, não
soará nada convincente.
Além do mais o professor pode dispor de vários outros
recursos que com certeza lhe permitirão conhecer o desenvolvimento de seus
alunos no aprendizado da leitura. Uma boa opção que acho bastante interessante
são as rodas de leitura, onde os alunos podem comentar livremente sobre suas
leituras de sua escolha, sem ser necessariamente aquela leitura obrigatória, além de
permitir uma rica troca de sugestões de leituras entre eles.
O professor neste caso tem um papel fundamental, uma
vez que ele próprio deve comentar também sobre suas leituras, além de sugerir aos alunos algumas leituras que possam
vir a interessar para eles.
Penac em seu livro já citado ilustra de forma contundente o papel do professor como grande provocador da verdadeira paixão do
aluno pelo livro. É isto mesmo, diria que depois dos pais, é o professor,
o grande responsável pela tarefa de formar leitores. Podemos definir assim os
três grandes pilares necessários ao sucesso desta complexa tarefa de
formação de leitores: os pais, a escola e o professor.
Primeiramente os pais, pois são eles a primeira
imagem e exemplo de leitor que a criança terá. Por isso pais, leiam para seus
filhos, leiam com seus filhos e ouçam a leitura de seus filhos, se querem fazer
deles grandes leitores.
É importante observar, conforme nos lembra Penac, que
um dos períodos de grande transformação para criança é a fase em que ela entra
para escola. Fase esta que deve ser cercada de muitos cuidados, pois é neste
momento que a criança se encontra pela primeira vez longe de tudo aquilo que
lhe é familiar, longe da presença da mãe, longe de seus brinquedos, longe de
tudo aquilo que lhe faz sentir-se aconchegada. Ali na escola frente a um
estranho que é o professor ela passa a uma realidade completamente diferente,
onde muitas atitudes podem ser decisivas para suscitar nela paixão ou aversão a
uma série de coisas.
Portanto é fundamental que nesta fase os pais
acompanhem e fiquem bem atentos as suas reações, e que jamais em momento
algum deixem de fazer aquilo que já faziam por ela, ou seja, deixar que a
criança aos poucos se torne independente por ela mesma, sem mudanças bruscas.
Portanto pais, não deixem de ler para seus filhos, só porque eles já conseguem
ler sozinhos. A leitura aquela ao pé da cama ou em outro momento qualquer feita
pelos pais aos filhos, mais do que um momento de laser, representa um forte
vínculo afetivo, e este deve se manter até que a criança se sinta segura o
bastante para fazer por ela mesma as suas leituras e suas próprias descobertas.
Lembro-me de um episódio, no qual minha sobrinha nos
primeiros anos de sua fase escolar, fez um comentário um tanto triste, que
talvez reflita o pensamento de muitas outras crianças naquela idade:"Só
porque agora já sei ler ninguém mais quer ler para mim!" Triste erro que
cometemos ao julgar que pelo simples fato de uma criança já saber ler, ela não
mais precise de ninguém que leia para ela. Precisa sim, não
só de quem leia para ela, como também de quem tenha paciência para acompanhar
as suas leituras e ajudá-la em suas dificuldades, apreciando também seus acertos.
A escola é aquela que através do seu corpo
administrativo e direção, propicia aos seus alunos um terreno altamente fértil
para produção de futuros e apaixonados leitores. O papel da direção de
uma escola é fundamental na valorização do espaço da biblioteca como fonte inesgotável
de recursos tão necessários a formação de leitores, como também da
valorização dos profissionais que nela atuam não como meros expectadores mais
como verdadeiros promotores da leitura, dos livros e da apaixonante aventura
que é ser um "Leitor".
Autora: Rosaine M. Mendonça
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